sexta-feira, 19 de março de 2010

Oficina 1: 13 de março de 2010


Qual será o verdadeiro papel do professor no ensino de língua materna? Explorar apenas a norma padrão e suas possibilidades ou mostrar ao aluno que a língua é passível de manifestações culturais? Para responder a questionamentos como estes, iniciamos a nossa oficina 1 com a apresentação do slide “Nada na Língua é por acaso: Variação, mudança e ensino”. Discutimos alguns pontos como os níveis e tipos das variações linguísticas. Alguns questionamentos foram necessários: O aluno tem consciência das diferenças entre a modalidade oral e a modalidade escrita da língua? Também falamos sobre a intervenção da cultura na linguagem, a importância do ensino da gramática tradicional e as origens da noção de “erro”. Além de fatores como idade, profissão e situação comunicacional (família, amigos, colegas de trabalho, etc.), que alteram o vocabulário do falante.

O mais importante foi perceber que as cursistas reconhecem que a língua é um objeto variável devido ao vínculo com a realidade social. Para ilustrar este quadro com bom humor, lemos o texto abaixo:

Pois é. U portuguêis é muito fáciu de aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis que dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im portuguêis, é só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol que é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom que a minha lingua é u portuguêis. Quem soubé falá, sabi iscrevê.

• Jô Soares, Veja, 28 de novembro de 1990

Na segunda parte da Oficina, as cursistas relataram os resultados do “avançando na prática”, inclusive relatos anteriores (TP 6). Edna Sueli aplicou a atividade da página 23 do TP 6. Tendo como base alguns tópicos, os alunos escreveram um texto argumentativo sobre saúde bucal. Segundo ela, os resultados foram bons. Alguns alunos tiveram pela primeira vez oportunidade de escrever um texto argumentativo.

Edna Sueli também propôs para a sua turma de 9º ano a criação do ‘dicionário dos jovens’, “avançando na prática” das unidades 1 e 2 do TP 1, p. 23. O objetivo da atividade é fazer com que o aluno perceba que sua linguagem não é discriminada. Aplicar atividades como esta, que enfocam as manifestações de linguagem do jovem é primordial para despertar o interesse do aluno.

Iniciamos o terceiro momento da oficina 1 com a leitura do texto ‘A outra senhora’ de Drummond. A atividade envolveu a participação de todas as cursistas. Fizemos alguns comentários sobre a incompatibilidade que há entre o vocabulário altamente técnico de Isabel e a sua idade. Analisamos o texto minuciosamente, explorando elementos contraditórios, a mistura dos argumentos (voz da professora, influência da publicidade massiva). Apesar do humor presente no texto, a análise proposta na p. 170 do TP 1 não é tão fácil. Há duas críticas no contexto: a publicidade que invade nossos lares e as produções textuais mecânicas.

Ao final, questionamos as cursistas sobre a possibilidade de desenvolver um trabalho com a crônica de Drummond em suas turmas. Seria necessário criar novas estratégias de abordagem para que a atividade seja significativa para os alunos. A oficina apresentou um bom resultado, cada vez mais as cursistas contribuem com propostas e opiniões. Há participação efetiva de todas.

Nosso próximo encontro ficou marcado para o dia 20 de março.

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